(continuação)
...Um
dia bem cedo, a jovem teve de ser acordada para se levantar, meia atordoada,
foi tomar banho e lavar os seus cabelos como ela gostava tanto de fazer, mas
foi-lhe tão difícil…, principalmente quando começou a secá-los. Não tinha força
e começou a reparar que força nos dois braços não eram iguais, mas
o que me está a acontecer? -Pensou Mariana.
O
médico de família, era um bom homem e muito bom médico, era um homem bem
constituído e um pouco calvo, de poucas falas e começou a escrever depois de
ter examinado a pobre Mariana.
-
Dr. É muito grave?- Perguntaram os pais de Mariana.
O médico,
olhou para Mariana e para os pais e disse:
-
Ela, amanhã tem que ir a uma consulta urgente de neurologia.
Ficou
um silêncio na sala do médico, o chão começou a ser pouco para colocar os pés,
a primavera começou naquele instante a ficar gelada, nada mais havia a
perguntar pois também o médico não sabia bem o que se estava a passar, teria
sido uma trombose?!...
Estávamos
no ano 1977, não havia a facilidade de se encontrar um médico daquela
especialidade, como há hoje, mas felizmente uma vizinha muito amiga dos pais de
Mariana, comentou que conhecia um.
- É
muito bom médico, ando a ser tratada por ele, há algum tempo, disse a vizinha.
Era
hora de almoço, Teresa a irmã de Mariana, como habitual foi almoçar a casa dos pais.
- Como
está ela mãe?- Perguntou Teresa, com um ar preocupado. Ela também andava numa
grande aflição por ver a sua irmã assim, sabia bem que poderia ser algo de grave.
- Está
na mesma, passa os dias a dormir e comer nem vê-lo. - Respondeu a mãe.
Fez-se
silêncio, vontade de falar não havia, a alegria daquela casa tinha-se tornado
num escuro sem luz. Nesse dia, a mãe tinha comprado cerejas, pois sabia que
Mariana gostava muito.
-Talvez ela como algumas, pensou a mãe de Mariana.
-Talvez ela como algumas, pensou a mãe de Mariana.
Mariana
estava entusiasmada por ver as cerejas, muito agoniada, mas ao mesmo com uma
força interior para poder comê-las, ao pegar na tacinha das cerejas, a taça cai
para o chão, sem que a jovem pudesse compreender o sucedido, começou a chorar,
ela tinha perdido a força do braço esquerdo.
No
dia seguinte, foi dia de consulta do tal médico neurologista. A mãe entrou com
Mariana no consultório, ia com muito medo do que poderia ouvir. Foram feitos
muitos testes. A cara foi picada do lado direito e do esquerdo, os braços foram
esticados para a frente com os olhos fechados e os pés picados de igual modo.
Toda a parte esquerda de Mariana estava com muito pouca sensibilidade, ou quase
nenhuma. O médico ficou muito apreensivo com a situação, pois tratava-se de uma
jovem de dezassete anos.
- Tudo
indica que Mariana teve uma trombose,- disse o médico.
-
Mas doutor, ela é tão nova? Interrogou a mãe.
- Sim,
mas existem mais casos assim,- disse o médico.
O
médico passou uma série de exames para a Mariana fazer, RX, análises, etc.
Os
pais foram com Mariana fazer todos aqueles exames.
Lá
fora, no jardim, as flores iam abrindo os seus botões, embelezando e perfumando
a casa de Mariana, enquanto ela continuava no seu quarto a dormir, estava cada
vez mais fraca.
Logo
que se souberem os resultados dos exames, Mariana foi de novo ao médico
neurologista. Os exames, não mostravam nada que pudesse justificar toda aquela fragilidade.
O médico falou com os pais de Mariana disse que ela tinha que começar a fazer
terapia da fala, uma vez que ela não conseguia falar normalmente.
Era
fim-de-semana, o pai da rapariga resolveu ir dar um passeio até ao campo, ele
queria que ela apanhasse ar fresco.
- Talvez lhe faça bem! - Disse o pai de Mariana.
Foram todos para o campo, mas foi por pouco tempo,
pois Mariana nem conseguia levantar a cabeça para encarar a luz do sol.
Na
segunda-feira seguinte, era dia da consulta de terapia da fala. Nessa manhã
curiosamente Mariana estava muito bem-disposta, mas não seria por muito tempo.
Quando estava na sala de espera do consultório, Mariana reparou que na posição
sentada, não conseguia manter a perna esquerda quieta, esta escorregava sem que
ela desse por isso.
-
Mariana! Chamou a empregada.
- Pode
entrar, a Dra., vai recebê-la,- disse a empregada.
Mariana
entrou sozinha, tinha que ser ela a explicar o sucedido para que a médica visse
a sua dificuldade em falar. A médica observou-a e chegou à conclusão que a
terapia da fala, não iria resolver o problema.
-
Bem, Mariana o teu problema não é comigo, tens que fazer outro tipo de exames,
pois existe algo em ti que não está bem explicado,- disse a médica.
Mariana,
disse que sim com a cabeça e saiu mais confusa que quando entrou.
Passaram-se
dias, semanas e tudo continuava na mesma, aquela casa estava toda às avessas,
como seria bom ver uma luzinha ao fundo do túnel ,mesmo pequena que fosse…
Mais
uma vez, a jovem foi com a mãe ao neurologista, e foi com enorme insatisfação
que o médico ouviu o sucedido.
-
Vou pedir para internarem a Mariana no hospital, lá podem fazer todos os exames
necessários e ficamos todos mais tranquilos. - Disse o médico.
A
Mariana quando ouviu a palavra hospital, teve que voltar a cara, para não verem
a lágrima que estava a correr pelo seu rosto.
Nesse
mesmo dia, os pais levaram-na para o hospital, entrou pelo lado das urgências e
foi logo atendida, o médico de serviço, ao ler o relatório do outro médico e
depois de examiná-la, disse que não podia interná-la, porque não havia camas
disponíveis. Foi nessa altura que o pai de Mariana, se passou, ele que até ali,
tinha encarado tudo com muita calma.
- O
Dr., vai-me desculpar, mas a minha filha não sai deste hospital, eu não vou com
ela para outro lado! É aqui que ela vai ficar! -Disse o pai de Mariana, muito
zangado.
Neste mesmo instante chega um neurocirurgião que tinha acabado de ver outro doente e intrigado, meteu-se na conversa.
Neste mesmo instante chega um neurocirurgião que tinha acabado de ver outro doente e intrigado, meteu-se na conversa.
- O
que se passa? -Perguntou o neurocirurgião.
O
pai começa a explicar o sucedido. O neurocirurgião, observa Mariana fazendo-lhe
alguns testes.
-
Esta jovem não sai deste hospital, fica à minha responsabilidade, não tem cama
hoje, mas amanhã já tem!- Exclamou o neurocirurgião.
O
pai encheu o corpo de ar e respirou bem fundo e agradeceu, tinha-lhe saído um
peso de cima, alguém tinha que dar andamento à situação.
Mariana
com um olhar muito triste despediu-se do pai e foi levada para uma sala que
tinha camas, não sabia bem o que era aquilo. A mãe ficou com Mariana, até que
ela fosse para a enfermaria.
Existem
coisas na nossa vida que não sabemos explicar, porque estaria aquele médico
neurocirurgião precisamente aquela hora ali, se não fosse ele tudo seria bem
diferente, coincidências?!...
(continua)
(continua)
1 comentário:
Linda história, espero que tenha un final feliz.
Um abraço.
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