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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

...mais uma das prendinhas de Natal

O Lençol da Cristinita ( pintado com tintas para tecido e
uma rendinha em croché na ponta da dobra do lençol)





( a imagem do lençol foi retirada da net)

domingo, 25 de janeiro de 2009

A segunda-feira já está a espreitar ... mais uma semaninha a começar...

BOA SEMANA PARA TODOS OS AMIGOS DESTE BLOG !!!!

Horizonte
















(imagens tiradas da net)


Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.


Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.



O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
---Os beijos merecidos da Verdade.


Fernando Pessoa

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009























"Viagens na Minha Terra "de Almeida Garret, foi o livro que mais gostei de ler quando andava no liceu... é lindo!
BOM FIM DE SEMANA!

"O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita: não há ali nada grandioso nem sublime, mas há um como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. As paixões más, os pensamentos mesquinhos, os pesares e as vilezas da vida não podem senão fugir para longe. Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração.
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade.(...)Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meia-aberta de um habitação antiga mas não delapidada(...).Interessou-me aquela janela.
Quem terá o bom gosto e a fortuna de morar ali?
Parei e pus-me a namorar a janela.
Encantava-me, tinha-me ali como num feitiço.
Pareceu-me entrever uma cortina branca... e um vulto por detrás... Imaginação decerto! Se o vulto fosse feminino!... era completo o romance.
Como há-de ser belo pôr o Sol daquela janela!...
E ouvir cantar os rouxinóis!...
Estava eu nestas meditações, começou um rouxinol a linda e desgarrada cantiga que há muito tempo me lembra de ouvir
Era ao pé da janela! (...)
O arvoredo, a janela, os rouxinóis... àquela hora, o fim da tarde... que faltava para completar o romance?Um vulto feminino que viesse sentar-se àquele balcão - vestido de branco - oh! branco por força... a frente descaída sobre a mão esquerda, o braço direito pendente, os olhos alçados ao céu... De que cor os olhos?(...)
- Os olhos, os olhos... - disse eu pensando já alto, e todo no meu êxtase - os olhos... pretos.- Pois eram verdes!
- Verdes os olhos... dela, do vulto da janela?
- Verdes como duas esmeraldas orientais, transparentes, brilhantes, sem preço.
- Quê! pois realmente?... É gracejo isso, ou realmente há ali uma mulher, bonita, e?...
- Ali não há ninguém - ninguém que se nomeie hoje, mas houve... oh! houve um anjo, um anjo, que deve de estar no céu.
- Bem dizia eu que aquela janela...
- É a janela dos rouxinóis.
-Que lá estão a cantar.
- Estão, esses restam ainda como há dez anos - os mesmos ou outros, mas a menina dos rouxinóis foi-se e não voltou.
- A menina dos rouxinóis! que história é essa? Pois deveras tem uma história aquela janela?
- É um romance todo inteiro, todo feito como dizem os franceses, e conta-se em duas palavras.
- Vamos a ele A menina dos rouxinóis, menina com olhos verdes! Deve ser interessantíssimo. Vamos à história já. (...)
Já se vê que este diálogo passava entre mim e outros companheiros de viagem.
Apeámo-nos com efeito; sentámo-nos; e eis aqui a história da menina dos rouxinóis como se contou. (...)"

in Almeida Garrett, "Viagens na Minha Terra"

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009




A pálida luz da manhã de inverno
A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.

No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu 'sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Poesias inéditas
Fernando Pessoa

domingo, 18 de janeiro de 2009

sábado, 17 de janeiro de 2009

BOM FIM DE SEMANA !!!
(imagem tirada da net)

Ser Real é a Única Coisa Verdadeira do Mundo

Todas as teorias, todos os poemas
Duram mais que esta flor.
Mas isso é como o nevoeiro, que é desagradável e húmido,
E maior que esta flor...
O tamanho, a duração não têm importância nenhuma...
São apenas tamanho e duração...
O que importa é a flor a durar e ter tamanho...
(Se verdadeira dimensão é a realidade)
Ser real é a única coisa verdadeira do mundo.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Bom fim de semana, com muito frio mas com um lindo poema de Alberto Caeiro...



Quando Está Frio no Tempo do Frio

Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência das cousas
O natural é o agradável só por ser natural.

Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do inverno -
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no facto de aceitar -
No facto sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.
Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o inverno da minha pessoa e da minha vida?
O inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto do verão
E o frio da terra no cimo do inverno.
Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do mundo
Que fosse qualquer cousa que não fosse o mundo.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

Heterónimo de Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Prendinhas de Natal


Este lençol foi para a minha sobrinhita Betatriz. Por lapso foi o único trabalho de muitos que fotografei, mas já pedi as fotos a quem os recebeu.




(flores feitas em croché e aplicadas no lençol)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009



Natal dos simples ( canção com letra e música de Zeca Afonso)
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura